Escola de Bonsai de Barretos – Junho  2016;

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Provérbio chinês:  “É também a brisa gelada do inverno, que aquece e acende a brasa que queima…”

Começamos o texto de hoje com este espírito, é o frio do inverno que aquece nossos ânimos para os trabalhos com os juniperus na escola de Bonsai de Barretos. É a época propícia para “mexer” e trabalhar nessas espécies tão utilizadas para a arte do bonsai.  Mais detalhes da escola de Barretos você encontra aqui.

Aula 03 – Propagação, transplante, poda e aramação;

Nesta aula o frio foi um companheiro agradável e muito aguardado para os trabalhos práticos em juniperus (shimpaku, itoigawa, comunis, entre outros). A aula iniciou rapidamente com um retrospecto sobre as partes teóricas já passadas sobre propagação e sobre as coníferas, a grande família que abrange também o pinheiro negro e os juniperus. Depois os alunos já imergiram nas práticas para o decorrer do dia sobre o replante, poda e aramação.

Foi mencionado que essa época de frio é que faz a circulação de seiva das coníferas ficar mais lenta e espessa, assim, pode-se podar e fazer trabalhos nesta família sem o risco de sangria de seiva até a morte. Há casos de pinheiros negros que são cortados sem o conhecimento da época e fatalmente acabam morrendo, por perda da seiva. Os alunos puderam ver o resultado final de 4 dias de trabalho que Charles dedicou a um exemplar de pinheiro negro de sua coleção. O professor também explicou a forma correta e necessidades de trabalhos nas mudas de shimpaku que estavam esperando cuidados.

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“Agora nos precisamos limpar as partes secas, iniciar uma poda para poder estimular a brotação interna  e começar um movimento nas mudas que já estiverem com um tamanho razoável…”

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O professor também explicou aos alunos como na natureza, no shimpaku, acontece o movimento e a reviravolta que faz com a planta sempre brote e lute pela sobrevivência:

“Na natureza o shimpaku sofre a ação tanto clima frio, quanto da força do vento… É o vento que faz a massa verde dele se movimentar e muitas vezes torcer seu corpo trazendo movimento e novas brotações com a incidência de luz em áreas que antes estavam sombreadas. ”

Foi interessante para os alunos “entender” a simbologia e necessidade de trabalhos com este tipo de planta, com a madeira morta e escolha de galhos e estrutura.

“…é por isso escolhemos somente um tronco para formar o projeto do shimpaku, o restante vira madeira morta a ser trabalhada trazendo a ideia de sofrimento de ação contínua e ininterrupta do tempo, formando um caráter do bonsai, uma grande história a ser contada na observação e contemplação da planta…”

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Os alunos puderam também perceber a necessidade de controle da ansiedade, pois, a necessidade de ter madeira morta não significa que é necessário fazê-la já, neste momento. Muitas vezes partes da planta são guiadas com a aramação para que no futuro, no momento de finalizar o projeto, se faça o trabalho de madeira morta e assim se garanta um item importante, a proporcionalidade.

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“…se você faz agora a madeira morta, pronto, ela parou ali… Ela não vai mais crescer ou mudar, você limitou o projeto àquela estrutura. Por isso deixamos este trabalho com madeira morta para mais pra frente. Agora, hoje,  vocês podem já imaginar quais seriam as áreas de madeira morta, visualizar um estrutura futura e dar movimento sinuoso e interessante para estas partes ainda verdes… Lá na frente quando voltarmos para estas mudas, teremos uma visão do que a planta respondeu e quais são nossas possibilidades.”

Para os alunos o dia foi de muita informação e muito conhecimento, segundo Javerson:

“…é a melhor coisa. A gente ta aqui e já vai mexendo nas plantas e vendo o quanto precisamos ir melhorando, ganhando visão…”

Para alguns alunos foi a primeira experiência com a espécie, segundo Julio Rizati:

“Eu tenho ainda certo receio com estas espécies, a sensação que tenho é que elas morrem só de eu vê-las… não tenho nenhuma conífera, todas as minhas mudas são frutíferas ou floríferas… Após esta aula, estou empolgado e possivelmente terei um shimpaku no futuro… para minha coleção”

No final do dia, os alunos fizeram se confraternizaram com muita bebida comida e bate papo, o frio ajudou muito na interação, as pessoas ficam mais próximas.

No domingo, os trabalhos continuaram logo cedo, e uma aula extra já foi programada para que todas as mudas que necessitam de cuidados sejam trabalhadas dentro da janela de oportunidade do clima, no frio deste inverno.

Os alunos puderam após o almoço do domingo ver todas as habilidades e talento do professor sendo demonstrados num workshop não programado em um exemplar de shimpaku de um dos alunos. Durante aproximadamente 3 horas, o professor limpou, estilizou e transformou a planta em um, segundo suas palavras, “bom pré-bonsai”.

Se você se interessou pelos trabalhos da escola, entre em contato com o Clube, já existem planos para novas turmas em 2017.

One thought on “Escola de Bonsai de Barretos – Aula 03

  1. Gostei de saber que aqui perto de Catanduva tem uma escola de bonsai, só que agora não é época de mexer com as plantinhas, por causa do frio, elas estão em estado de dormência, e é perigoso perder as plantas, sou bonsaísta a trinta anos.

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