Escola de Bonsai de Barretos: Mãos na terra, bonsai na cabeça e natureza no coração.

Nos dias 20 e 21 de fevereiro de 2016, em meio a um clima de imersão à natureza, foi realizada a primeira aula do curso de Bonsai com o professor Charles Ferrante, o “Charlinhos”, em Barretos, interior do Estado de São Paulo.

Detalhes desta escola você pode ver aqui;

Mãos na terra, bonsai na cabeça e natureza no coração pode ser o lema desta primeira aula do curso. Logo no início dos trabalhos, os alunos viram e discutiram com o professor uma parte teórica importantíssima, sobre conceito, entendimento, visão e prática de bonsai, alinhando assim, o que é entendido e visto como bonsai por todos, e principalmente, entender e apreender a grande referência mãe do bonsai, a Natureza, através da observação.

Segundo o professor Charlinhos:

IMG-20160221-WA0086“esta parte é fundamental que entendamos e discutamos para um consenso, assim, conseguiremos identificar a grande dificuldade de consenso entre arte, técnica e visão que cada um traz consigo para o bonsai(…) Discutindo e chegando a um consenso sobre a “base” do bonsai, podemos durante o ano todo, falar a mesma língua, entender o mesmo conceito, aprender e praticar em conjunto técnicas com o intuito do nosso bonsai…”

Na segunda parte teórica, foi realizada uma identificação e listagem de espécies Brasileiras e estrangeiras muito bem adaptadas ao nosso clima com grande aptidão para o bonsai, com o destaque para:

Conífera: Araucária;

Frutífera: Acerola, Jabuticaba, Cambuí, Cereja-do-rio-grande, Grumixama, Pitanga,  Piteco (pithecolobium tortun e dulce), Pyracantha e  Araçá;

Florífera: Calliandra;

O início dos trabalhos práticos ainda na parte da manhã ficou por conta do entendimento, manipulação e preparação de substratos. Cada aluno pôde entender e discutir durante a preparação de substratos a relação “espécie x substrato” ideal;

O almoço em conjunto foi o momento de confraternização, enaltecimento da amizade e companheirismo, fundamentais para a prática do bonsai. Bonsai deve ser praticado e cultivado em conjunto com amizades.

IMG-20160221-WA0050Na parte prática, no período vespertino, tanto do dia 20 quanto do dia 21, os alunos foram para a “mão na terra”, realizando a escolha de material (plantas) para vários mathidoris (coletas de mudas que estavam plantadas no chão, em preparação para este momento), as pitangas, jabuticabas e calliandras roubaram a cena como as preferidas entre os alunos.

Cada aluno foi  encarregado de escolher para condução  2 projetos, um ficará na escola, em hospedagem no viveiro, o outro ficara na casa do aluno, para aplicação das técnicas aprendidas e cuidados diários. O Professor Charlinhos explicou a ideia:

“a ideia discutida e acordada com o Bonsai Clube Rio Preto foi a de poder avaliar o aluno pelo desenvolvimento destes 2 projetos, assim, podemos fazer uma avaliação Global tanto na parte dos cuidados diários que o bonsai pede, quanto das técnicas aplicadas na condução…”

No segundo dia, os mathidores mais pesados foram o trabalho certo, plantas que estavam em preparação para o mathidore a aproximadamente 7 anos foram coletadas e trabalhadas, algumas, ficaram plantadas, pois de acordo com o professor não estavam prontas ainda, assim, os alunos também puderam ver os trabalhos de preparação da muda ainda no chão (poda de estrutura).

Após a coleta das plantas em ambos os dias do curso, todas foram preparadas para o replantio (poda de raízes e estrutura aérea) e trabalhadas para a próxima aula do curso, em abril.

Algumas plantas que não foram replantadas, e estavam em vasos de treinamento, passaram pela parte de estruturação (poda e aramação) para definição da copa e futuro resultado final.

Nesta parte o professor Charlinos, possibilitou a todos os alunos visualizar e expor suas ideias sobre o que fazer, e para onde conduzir a planta, já com base na parte teórica apreendida pela manhã:

“Agora é a hora de checar o entendimento e verificar em cada aluno como a observação e projeção do que pode ser um bonsai aparece em cada um(…)”

Durante estas discussões aprofundou-se o estudo em conceitos de botânica e estruturas morfológicas das plantas, abrindo a ideia o entendimento do “quê” se fazer e “por que” se fazer. Segundo o professor:

“A Natureza segue a regra do menor esforço, da lógica simples. O bonsai também deve seguir este modelo, nós nunca vamos ter a planta perfeita, o defeito existe, ele fica cada vez maior se você só quiser olhar pra ele(…)

Cada planta tem em si um potencial, devemos buscar pelos aspectos bons e positivos da planta, senão, vamos ficar presos e não vamos a lugar nenhum no bonsai(…) Algumas vezes o maior erro que cometemos é querer fazer alguma coisa sem refletir que, talvez, a melhor opção, seja “não fazer nada”, deixar a planta quietinha…”

A primeira aula já deixou clara a grande jornada que os alunos terão durante esse ano todo rumo ao conhecimento, a prática e amor ao bonsai.