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Aula 02 – Proporção, Estilo, escolha de material e adubação;

Nada melhor para ilustrar o pensamento que permeou a 2ª aula da escola de Bonsai de Barretos do que uma parábola, assim, segue a parábola do “ Os 3 segredos da perfeição do bonsai” feita pelo , conhecido no Bonsai Clube Rio Preto e muito amigo do nosso associado Julio Rizati.

“Dizem que o melhor discípulo do último grande mestre desconhecido do bonsai aguardava ansioso para o ensinamento que traria a sua emancipação como mestre.

O último passo a sabedoria plena do bonsai era conhecido como os “3 segredos da perfeição do bonsai”.

Estes 3 segredos eram a chave para a perfeição plena, para a execução divina do bonsai com o domínio do caminho de mestre.

Então, numa noite de muito trabalho, cansado o aluno foi até o mestre e pediu que falasse enfim quais eram os 3 segredos da perfeição do bonsai. O mestre, olhou seu discípulo, e com carinho pediu que ele dissesse o que achava que eram então os 3 grandes segredos.

Mas que depressa o aluno disse espantado:

– “Beleza, naturalidade e harmonia”.

O mestre, sorriu para o aluno dedicado, e disse:

– Pense sabidamente no que você disse, reflita esta noite em tudo o que você aprendeu até aqui e no seu caminho percorrido, pois, os 3 segredos da perfeição do bonsai estão escondidos no que você acaba de dizer, porém, ainda não estão claros à você. Amanhã de manhã, durante os trabalhos, conversaremos novamente.

O aluno se retirou e pensou, pensou, refletiu e não conseguia ver o que poderiam ser os 3 grandes segredos levando em conta o que ele tinha dito: beleza, naturalidade e harmonia.

Muito cansado, decepcionado, ele se retirou, foi se deitar e dormiu.

Durante o sono, sonhou que estava em um campo lindo, magnífico, de vegetação exuberante, com várias flores, frutos e muito verde.

Viu de longe uma árvore, que chamou sua atenção, ela estava em uma parte isolada, sozinha. Era uma árvore especial, de muita beleza que compunha uma paisagem única nesse campo verde.  

Ele não conseguia parar de contemplar aquela árvore. Tudo nela instigava a contemplação. Parecia que a árvore o chamava.

Ele se dirigiu até ela.  Conforme se aproximava, a árvore ia ficando mais bonita, mais contemplativa, com mais detalhes trazendo um prazer enorme em sua contemplação.

O aluno via a forma perfeita, na natureza, de um exemplar de beleza e magnitude incomparáveis, a existência do divino ali naquela árvore.

Ele se aproximou correndo até a árvore a fim de tocá-la no tronco.

Neste exato momento, a árvore bruscamente foi arrancada do chão, levitando sobre sua cabeça, colocada em um vaso que caiu em sua frente.

Tentando se aproximar da arvore novamente, ele percebeu que era exatamente a mesma árvore, só que agora tinha diminuído significativamente de tamanho e estava em um vaso raso.

O vaso podia ser pego com uma única mão.

Pegando o vaso, espantado, ao contemplá-la de frente, a então pequenina árvore irradiou uma luz muito forte que o cegou e ele acordou em desatino assustado.

Era ainda madrugada e ele esperou impaciente o nascer do sol para imediatamente ver o mestre e partilhar o que viu em sonho.

O mestre, na mesa de chá, ouvindo todo o sonho, sorriu e disse ao aluno:

– Você consegue agora dizer quais são os 3 segredos da perfeição do bonsai? Estão claros agora para você?

O aluno cabisbaixo, disse:

– Não mestre, a mim agora tenho na cabeça apenas 1 dos 3 segredos. Sei agora que 1 dos segredos é a proporção;

E o mestre sorriu, chamou o aluno para sentar ao seu lado e disse:

– Agora você pode iniciar o seu caminho como mestre, é chegado o momento para saber quais são os 3 segredos da perfeição do bonsai; Você já descobriu o primeiro segredo que é o mais difícil, me ouça com atenção!

O aluno  arregalou os olhos e aguardou a lição que viria do mestre:

– O primeiro segredo da perfeição do bonsai é a proporção, pois sem ela, não se alcança a beleza;

– O segundo segredo da perfeição do bonsai é a proporção, pois sem ela não se alcança a naturalidade;

–  e;

– Por último, o terceiro segredo da perfeição do bonsai é a proporção, pois sem ela nunca se conseguirá um trabalho harmônico.

 

O aluno então sorriu e repetiu:

– Proporção, proporção e proporção, obrigado mestre.

 

A aula desse fim de semana na escola de bonsai serviu para clarear o pensamento de todos sobre um conhecimento base, fundamental para o bonsai: a Proporção;

Seja a relação de qualquer parte da planta, folha, flor, fruto, ramificação, tronco, movimento, conicidade, harmonia, estilo, referencial, a proporção tem que estar presente, caso contrário, se tem um grave problema.

Muitas pessoas, sejam iniciantes ou os mais experientes, no  trabalho com bonsai acabam não percebendo ou não levando em conta a proporção, seja por falta de conhecimento ou simplesmente por não dar a devida importância(displicência)  a este quesito chave.

Assim, cai-se numa armadilha que atrapalha todo o conjunto do projeto e o conceito do bonsai: a falta da proporção. Para o olhar atento que já está treinado neste princípio a desproporcionalidade (falta de adequação da proporção) traz um estranhamento ao observador no referencial, impedindo a contemplação prazerosa.

Além de toda a discussão e exercícios feitos a respeito do mantra da proporção, foram feitas as receitas caseiras de adubo orgânico e pasta cicatrizante. A simplicidade e eficiência destas receitas caseiras chamaram muito a atenção dos alunos, pois o professor Charlinhos mostrou em seu viveiro e coleção, a utilização destes produtos feitos “no fundo do quintal”.

Um dos alunos Gutavo Aprile, comentou a respeito:

“É o que gente busca num curso, a informação, o conhecimento e a prática. Aprender a fazer este tipo de material, de maneira simples, sem mistério, e principalmente ver a diferença na planta quando você os usa é muito legal, já vale por si só o curso inteiro.”

Durante o dia de sábado, as aulas teóricas e práticas foram alternadas para poder “dar conta” da necessidade de entendimento da proporção. A escolha de materiais, com técnicas de campo de reconhecimento e estudo da espécie também foram muito produtivas.

Javerson Luiz Rodrigues, aluno também do curso disse:

“Nossa… Aprender estas técnicas de como reconhecer no campo plantas interessantes para bonsai, lá na natureza, sem as vezes identificação prévia, foi o melhor até o momento na minha opinião. Mas vamos aguardar, muita coisa tem para acontecer ainda…”

Muitas plantas foram analisadas e estudas para poder “desenhar” o projeto para o futuro bonsai. De acordo com o professor Charlinhos:

“É fundamental gente saber exatamente onde se quer chagar para poder traçar um caminho, não podemos ir na natureza e coletar material, ou ir num viveiro e comprar uma muda sem a devida análise do material e principalmente o rascunho pelo menos, do futuro projeto. O desenho não precisa de técnicas avançadas ou apuradas, mas é necessário que ele seja feito na hora da escolha e principalmente te traga a visão de proporção.”

 

Neste ponto Charlinhos passou para os alunos as maneiras como o desenho pode ser feito e suas possibilidades.

“A planta sempre vai te dar mais que uma possibilidade, no desenho é mais fácil projetá-las e vê-las no futuro, não dá pra sair arrancando planta sem a devida análise, sem saber o que se pode e quer fazer no futuro. No desenho você apaga e refaz quantas vezes for necessário, na planta não.”

 

Na noite do sábado a descontração e confraternização foram os pontos altos com muita amizade, bebida, comida e baralho.

 

No domingo, finalizou-se as discussões e foram feitos mais estudos de desenhos e projetos possíveis com “modelos vivos” (plantas) existentes no viveiro.

 

 

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